Os judeus forçados a trabalhar nas câmaras de gás no Holocausto: 'Perguntei a mim mesmo: onde está Deus"Gideon Greif com sete israelenses que foram sonderkommandos em Auschwitz " loading="lazy" width="512" height="288" style="aspect-ratio:512 / 288" class="bbc-139onq"/>
Crédito, Gideon Greif
Na década de 1980, o historiador do Holocausto baseado em Israel, Gideon Greif, começou a pesquisar sobre os sonderkommandos.
Greif documentou a experiência de 31 sonderkommandos em seu primeiro livro sobre eles, We Wept Without Tears (Choramos Sem Lágrimas, em tradução livre).
Um dos sonderkommandos documentados por Greif foi Ya'akov, irmão de Dario Gabbai.
Ya'akov viu dois de seus primos chegando à câmara de gás. Ele os instruiu a se sentarem perto de onde o gás era liberado para que tivessem uma morte rápida e indolor.
"Por que eles deveriam sofrer tanto"Sonderkommandos mostrando seu trabalho de transportar os corpos para os crematórios " loading="lazy" width="512" height="288" style="aspect-ratio:512 / 288" class="bbc-139onq"/>
Crédito, Getty Images
Outros sonderkommandos, como Marcel Nadjari, registraram sua raiva em pedaços de papel.
"Não estou triste por morrer, mas estou triste por não ser capaz de me vingar como gostaria", escreveu Nadjari, em novembro de 1944.
As cinzas de cada vítima adulta pesavam cerca de 640 gramas, segundo suas anotações.
O judeu grego escondeu seu manuscrito de 13 páginas em uma garrafa térmica, que ele fechou com uma tampa de plástico. Em seguida, colocou a garrafa em uma bolsa de couro e a enterrou.
As anotações deixadas por Nadjari e outros foram recuperadas anos mais tarde, e cuidadosamente decifradas. Elas agora são conhecidas como os Pergaminhos de Auschwitz.
Elas fornecem informações valiosas sobre a dimensão dos crimes.
Em busca de justiça

Crédito, Gideon Greif
Apenas cerca de 100 sonderkommandos conseguiram sobreviver à guerra. Alguns desempenharam um papel ativo nos julgamentos dos crimes de guerra.
Henryk Tauber testemunhou contra o comandante da SS, Otto Moll.
"Em diversas ocasiões, Moll jogou pessoas vivas nas valas em chamas", lembrou Tauber durante o julgamento perante um tribunal militar americano.
Moll acabou sendo condenado e enforcado por seu papel em uma "marcha da morte".
No entanto, muitos criminosos nunca foram punidos. De um total de cerca de 7 mil funcionários em Auschwitz, apenas cerca de 800 enfrentaram o poder da lei, de acordo com Auschwitz, uma série de documentários da BBC/PBS.
Greif testemunhou contra supostos criminosos nazistas nos tribunais europeus, onde nazistas suspeitos ainda estão sendo julgados.
Gabbai acabou se mudando para Los Angeles, nos EUA, e morreu lá em 2020. Em 2015, ele fez uma visita a Auschwitz para marcar o 70º aniversário da libertação do campo. Ele contou à BBC o que o fez seguir adiante.
"Eu disse (a mim mesmo) que essa guerra iria acabar um dia e, quando ela acabasse, eu poderia sobreviver e contar as histórias para o mundo."
Essa reportagem foi originalmente publicada em janeiro de 2020.