Copa do Mundo 2022: por que Messi era 'rejeitado' e agora se tornou a esperança dos Argentinos na final

Lionel Messi

Crédito, Molly Darlington/Reuters

  • Author, Marcia Carmo
  • Role, De Buenos Aires para a BBC News Brasil

*Esta reportagem foi atualizada na sexta-feira (16/12).

Quando a seleção Argentina entrar em campo para a final contra a França neste domingo (18/12), um dos principais nomes em evidência será o do atacante Lionel Messi, de 35 anos, estrela do time.

Com apenas 13 anos, o argentino deixou seu país natal. Na época, ele tinha baixa estatura e era descrito como tímido.

Com o tempo e os tratamentos que realizou, como ele mesmo conta, ganhou centímetros na sua altura, colecionou troféus internacionais e se tornou capitão da seleção argentina de futebol.

Hoje, Messi é ídolo em seu país e está em alta em razão do seu bom desempenho no Mundial do Catar. Na disputa, ele conquistou um feito histórico ao se tornar o maior artilheiro da seleção Argentina, com 12 gols em Copas do Mundo, ultraando o ex-atacante Gabriel Batistuta.

Além disso, Messi está empatado com Mbappé, da seleção sa, na liderança da artilharia do torneio em 2022. Os dois, que irão se enfrentar na final deste domingo, até o momento fizeram cinco gols.

Em meio ao destaque mundial, uma característica da origem de Messi é notada mesmo após tanto tempo longe de Rosário, na província argentina de Santa Fé. Ele continua falando como um rosarino. Em Rosário, costuma-se falar eliminando o "r" e o "s" das palavras finais das frases.

Em uma entrevista transmitida pela TV Pública Argentina (TVP), em novembro do ano ado, por exemplo, Messi comentou sobre suas expectativas para a Copa do Mundo do Catar em 2022 e disse, "engolindo" o "s": "Ainda falta para sermos um dos grandes candidatos (a campeão do Mundial)".

Esse é apenas um detalhe na identidade do rosarino, como observam seus compatriotas.

Lucio Reitich (dir) com Messi

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Lucio Reitich (dir) com Messi: publicitário mora em frente à casa dos sogros de Messi, em Rosario

"Essa é uma característica nossa. Por exemplo, em vez de 'espetacular', falamos 'espetaculá'. Para mim, é mais um motivo para sentir orgulho dele. Tanto tempo longe e Messi não fala como os espanhóis, mas como nós, rosarinos. Por isso, diz 'che' (cara) e não 'tio', como na Espanha", disse o publicitário Lucio Reitich, que mora em frente à casa dos sogros de Messi, em entrevista por telefone à BBC News Brasil.

Ex-jogador do Barcelona e jogador do Paris Saint Germain, Messi viaja com frequência para Rosário, mantém a amizade com os amigos de infância e ali, a cerca de 300 quilômetros de Buenos Aires, realizou a festa de casamento com sua namorada desde os tempos de criança Antonela Roccuzzo, em 2017. A festa contou com a presença de jogadores de vários países entre os convidados.

Seleção argentina

Mas apesar de manter vivas suas raízes, entre as quais ar as festas de fim de ano na casa dos sogros, também em Rosário, Messi demorou a conquistar o coração de muitos argentinos que o viam como "pouco apaixonado" na hora de entrar em campo com a camiseta da seleção do país.

Nas Copas adas, era comum ouvir em Buenos Aires queixas de taxistas e comerciantes que diziam que ele jogava "muito bem" no Barcelona, mas "não tinha a mesma garra" na seleção argentina.

Esse sentimento mudou, pelo menos por enquanto, quando Messi ergueu a taça de time campeão no Maracanã, na Copa América em julho de 2021, observa o jornalista esportivo argentino Carlos Ares, com 40 anos de experiência e atualmente colunista da revista Perfil, de Buenos Aires.

'Bola de ouro' e 'Pulga'

Foi a primeira vez, na fase adulta, que Messi conquistou um troféu para seu país, apesar dos vários triunfos no Barcelona, onde jogou durante mais de quinze anos, e apesar de colecionar sete prêmios 'Bola de Ouro' de melhor jogador do mundo, além de premiações como melhor jogador da Europa, entre outras láureas internacionais.

Messi joga há quase 20 anos com a camiseta argentina. Nas seleções sub-20 e na sub-23, quando era chamado, principalmente, de 'Pulga', em função de sua baixa estatura, ganhou prêmios para o país e abriu seu caminho para a estreia, aos 18 anos, na Copa do Mundo de 2006. Foi o jogador mais jovem de uma seleção na época, segundo a imprensa argentina.

Vitória da Argentina na Copa América de 2021

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Vitória da Argentina na Copa América de 2021 mudou a percepção de muitos torcedores argentinos quanto a Messi

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