Mutilação genital feminina: o que é e por que ocorre a prática que afeta ao menos 200 milhões de mulheres

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- Author, Eva Ontiveros
- Role, BBC World Service
O sofrimento da mutilação genital feminina é uma realidade para cerca de 200 milhões de meninas e mulheres que vivem hoje, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Embora a prática esteja concentrada principalmente em 30 países na África e no Oriente Médio, ela ocorre também em alguns lugares da Ásia e da América Latina. E entre populações imigrantes que vivem na Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, dizem as Nações Unidas.
Para marcar sua campanha permanente contra essa prática, a ONU definiu esta quarta-feira (6) como Dia Internacional da Tolerância Zero para a Mutilação Genital Feminina.
A prática pode causar problemas físicos e mentais que afetam as mulheres ao longo da vida, como explica Bishara Sheikh Hamo, da comunidade Borana no Quênia.
"Fui submetida à mutilação quando tinha 11 anos. Minha avó me disse que era uma exigência para todas as meninas, que nos tornaria puras."
Mas o que não disseram a Bishara era que ela aria a ter ciclo menstrual irregular, problemas na bexiga, infecções recorrentes e, quando chegasse a hora, ela só poderia dar à luz por meio de uma cesárea.
Agora, ela é uma ativista antimutilação.
O que é a mutilação genital feminina?

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Mutilação genital feminina, ou na sigla MGF, é o corte ou a remoção deliberada da genitália feminina externa.
A prática envolve a remoção ou o corte dos lábios e do clitóris, e a Organização Mundial da Saúde a descreve como "um procedimento que fere os órgãos genitais femininos sem justificativa médica".
Omnia Ibrahim, blogueira e cineasta do Egito, afirma que a MGF é angustiante, prejudica os relacionamentos das mulheres e como elas se sentem sobre si mesmas.
"Você é um cubo de gelo. Não sente nada, não ama, não tem desejo", afirma.
Omnia diz ter lutado contra o impacto psicológico da mutilação genital durante toda a sua vida adulta. Ela afirma que sua comunidade a ensinou "que um corpo significa sexo e que sexo é pecado. Na minha opinião, meu corpo se tornou uma maldição".
"Eu costumava me perguntar sempre: eu odiava sexo porque eu fui ensinada a ter medo dele ou realmente não importo com isso");