'Eu não mudei. O mundo está mudando', diz Mauricio de Sousa sobre minorias na Turma da Mônica, que chega aos cinemas

Crédito, Lailson dos Santos
- Author, Rafael Barifouse
- Role, Da BBC News Brasil em São Paulo
Há pouco mais de uma semana, Mauricio de Sousa assistiu pela terceira vez ao filme Turma da Mônica: Laços. Ainda assim, ele se emocionou como se fosse a primeira.
Ao lado da mulher e dos filhos, o cartunista chorou quando os créditos subiram na tela de um cinema em São Paulo e a sala lotada aplaudiu de pé o primeiro longa-metragem com atores do universo que ele criou, que estreia nesta quinta-feira, 27 de junho.
"Fazer o filme era uma ideia antiga, e ali caiu a minha ficha de que havia realizado esse sonho - e com categoria, do que jeito que eu queria", diz Mauricio à BBC News Brasil.
O longa é baseado na graphic novel Laços, a primeira parte de uma trilogia em quadrinhos escrita e ilustrada pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi, lançada em 2013. O volume é parte de uma linha mais autoral com personagens da Turma da Mônica.
Na história, o cachorro de Cebolinha (Kevin Vechiatto), Floquinho, desaparece e ele tenta encontrá-lo com a ajuda de Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira).
Mauricio viu, já naquela época, o potencial daquele trabalho. "Queria fazer um filme, mas não tinha achado uma história que me impressionasse. Quando li o roteiro de Laços, vi que era uma história bonita e com uma trama boa. Falei na hora: 'Isso é um filme'."
Uma produtora procurou o cartunista para adaptar Laços para as telas, e Mauricio sugeriu fazer um longa com atores. "Tinha dúvidas se crianças aguentariam o rojão e teriam a disciplina necessária, até que o Daniel Rezende propôs ser o diretor."
Este é o segundo longa de Rezende, que dirigiu Bingo: O Rei das Manhãs (2017) e se destacou internacionalmente como montador, com uma indicação ao Oscar de melhor edição por Cidade de Deus (2002).
Foram seis meses para escolher as crianças que dariam vida aos protagonistas, entre as 7,5 mil candidatas. O diretor selecionou dois quartetos e pediu a opinião de Maurício e sua equipe antes de fazer a escolha final.

Crédito, Divulgação
"Os quatro selecionados já eram a Turma da Mônica mesmo antes de serem escolhidos. Eles ficaram muito amigos durante os testes, brincavam, eram alegres, descontraídos, espertos, inteligentes. Pensei: 'Ah, são esses'. E não deu outra. Meu medo de que crianças não conseguissem dar conta foi por água abaixo", diz Mauricio.
Mônica Sousa, filha de Mauricio e inspiração para a personagem que leva seu nome, diz que estava curiosa, mas também um pouco apreensiva antes de assistir ao longa pela primeira vez.
"Eu pensava: 'O que será que eu vou ver? Será que deram conta de transportar esses personagens para o mundo real");