A extraordinária história de Tony Osornio, a primeira mulher paraquedista do México

Tony Osornio

Crédito, Tony Osornio

Legenda da foto, Tony foi Campeã Pan-Americana de Paraquedismo em Salto de Precisão
  • Author, Louise Morris e India Rakusen
  • Role, BBC Outlook

A mexicana Tony Osornio sempre teve paixão pelo paraquedismo. Seu amor por esse esporte de alto risco a levou a conquistar vários campeonatos e até a alcançar a patente de subtenente no exército de seu país, em uma época em que mulheres não tinham espaço.

No entanto, em 1984, ela sofreu um acidente que mudou sua vida para sempre.

Este artigo é uma adaptação, escrita em primeira pessoa, da entrevista que Tony concedeu ao programa de rádio BBC Outlook sobre sua incrível trajetória.

Nasci e cresci em um lar muito tradicional em San Juan del Río, Querétaro, a cerca de duas horas da Cidade do México.

Sou a mais nova e a única mulher entre 4 irmãos. Sempre fui tão inquieta que meu pai dizia que eu tinha a energia dos meus três irmãos juntos.

Com minha mãe, tive problemas, porque ela dizia que as mulheres pertenciam ao lar e que os homens eram os que deveriam sair para a rua. Ela nunca me deixou estudar na cidade de Querétaro.

Eu sentia que, em vez de me aproximar, me afastava com tantas exigências. Até me castigava por desobediência. Mas, ainda assim, eu me escondia dela para fazer as tarefas dos meus irmãos, jogar futebol com eles e me molhar na chuva, tudo o que eu supostamente não deveria fazer.

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Eu me sentia como se estivesse em uma prisão. Chegou a um ponto em que não podia ar mais. Se minha mãe não me deixava sair, então teria que encontrar uma maneira de escapar.

Decidi que me casaria com o primeiro homem que quisesse se casar comigo.

Antes de completar 17 anos, meu primeiro e único namorado me pediu em casamento. Eu disse sim, com a condição de que me permitisse estudar, sair e ter mais liberdade.

Meu pai tentou me convencer a não fazer isso. Até me disse que me compraria um carro se eu ficasse até terminar o ensino médio.

Mas eu estava determinada. Queria me casar para sair daquela situação.

Casei-me realmente empolgada com a ideia de ter essa liberdade, de viver uma aventura.

Meu marido estava no exército, então senti que estava entrando em um mundo novo. Ambos adorávamos atividades cheias de adrenalina, como dirigir carros rápidos, motos e até paraquedismo.

A verdade é que, no começo, meu casamento foi muito divertido. Tínhamos interesses em comum e aprendi muito com ele, já que ele era 11 anos mais velho do que eu. No dia em que me casei, não estava apaixonada, mas com o tempo me apaixonei e ambos nos amávamos muito.

Depois veio minha primeira filha, Mariela. Foi algo lindo e maravilhoso, mas também muito desafiador para mim. Meu marido continuava no exército e viajava muito, às vezes por meses.

Foi avassalador sentir que eu tinha que estar lá com ela e cuidar dela. Senti que aquela criança estava atrapalhando meu caminho.

O que dia em que encontrei minha paixão

Tony Osornio

Crédito, Tony Osornio

Legenda da foto, Tony escreveu sua história no livro "Salto de Amor pela Vida", que foi adaptado para o cinema.

Meu marido dirigia uma escola de paraquedismo.

Eu sentia que era minha obrigação ajudá-lo. Mas, na realidade, estava cansada de viajar todos os fins de semana para acompanhá-lo.

Até que um dia, um amigo do meu marido disse a ele: "Você deveria envolvê-la mais para que ela não se entedie e canse tanto de vir aqui. Deixe-a dar um salto conosco."

Então, meu marido me perguntou: "Você quer saltar");