O 1º canal de TV do mundo criado por e para pessoas com deficiência de aprendizado

- Author, William Kremer
- Role, Da BBC World Service em Bergen (Noruega))
A decoração do novo estúdio da TV BRA é rosa-choque. Essa é cor favorita de dois repórteres da estação, Emily Ann Riedel - que está usando uma blusa rosa na visita da reportagem - e Petter Bjørkmo.
"Eu até tinha cabelo rosa!", Bjørkmo conta, rindo, antes de acrescentar que teve que mudar de cor "porque eu sou um repórter - repórteres têm que ter uma aparência decente".
Todos os repórteres da TV BRA - que significa TV Boa - são pessoas com deficiência ou autistas; a maioria tem deficiência de aprendizagem.
Toda semana, eles fazem um programa de uma hora cobrindo notícias, entretenimento e esporte, transmitido em uma importante plataforma de streaming norueguesa, a TV2 play, bem como no aplicativo e site da TV BRA.
O programa é apresentado em norueguês simples e é mais lento do que os noticiários tradicionais, o que o torna muito mais fácil de acompanhar. Entre 4 mil e 5 mil pessoas assistem toda semana.
Os 10 repórteres da estação estão espalhados pelo país, onde trabalham como correspondentes de notícias locais.
Riedel, que tem Síndrome de Down, vive e trabalha na cidade litorânea de Stavanger. Ela teve que aprender a conter sua personalidade efusiva.
"Eu tenho que seguir o roteiro e não falar sobre coisas pessoais — porque aqui é sobre as notícias. Quando trabalho aqui, tenho que ser muito profissional", diz ela.

Crédito, TV BRA
'Beleza interior e exterior'
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Embora esteja Riedel na estação há anos, algumas coisas ainda são novidades, como o rímel que ela usa antes de aparecer na câmera - que ela diz que pesa em suas pálpebras.
"Não preciso disso porque sou bonita", Riedel diz com um sorriso. "Tenho beleza interior e exterior."
"É isso mesmo", ri Camilla Kvalheim, editora-chefe da estação - e também, atualmente, maquiadora. "Mas no estúdio, com luzes pesadas, você parece mais pálida."
Kvalheim e uma pequena equipe técnica que não têm deficiência produzem e editam todas as reportagens.
Embora Riedel e seus colegas tenham leves dificuldades de aprendizagem - eles falam inglês bem e viajam sem ajuda - algumas coisas são um desafio.
Os apresentadores frequentemente precisam reler uma frase muitas vezes para obter uma boa tomada.
"Às vezes pode ser difícil dizer o que está nos teleprompter, então temos que fazer isso várias vezes", diz Kvalheim.
Ela também precisa fornecer treinamento para sua equipe, que não estudou jornalismo na universidade antes de ingressar na estação de TV.

No entanto, suas expectativas em relação à equipe são altas.
"Ela diz: 'Você pode fazer isso de novo? Pode repetir o que disse? Pode olhar diretamente para a câmera");